Capítulo 4. Atualizações a partir do Debian 11 (bullseye)

Índice

4.1. Preparando para a atualização
4.1.1. Faça backup de quaisquer dados ou informações de configuração
4.1.2. Informe os usuários com antecedência
4.1.3. Preparar para indisponibilidade de serviços
4.1.4. Preparar para recuperação
4.1.5. Preparar um ambiente seguro para a atualização
4.2. Inicie a partir de um Debian puro
4.2.1. Atualização para Debian 11 (bullseye)
4.2.2. Atualize para a última versão pontual
4.2.3. Debian Backports
4.2.4. Prepare o banco de dados de pacotes
4.2.5. Remova pacotes obsoletos
4.2.6. Remover pacotes não-Debian
4.2.7. Remova arquivos de configuração que sobrarem
4.2.8. Os componentes non-free e non-free-firmware
4.2.9. A seção proposed-updates
4.2.10. Fontes não oficiais
4.2.11. Desabilitando o pinning do APT
4.2.12. Check gpgv is installed
4.2.13. Verifique a situação dos pacotes
4.3. Preparando os arquivos source-list do APT
4.3.1. Adicionar fontes da Internet ao APT
4.3.2. Adicionando fontes ao APT para um espelho local
4.3.3. Adicionando fontes ao APT a partir de mídia ótica
4.4. Atualizando pacotes
4.4.1. Gravando a sessão
4.4.2. Atualizando a lista de pacotes
4.4.3. Certifique-se que você tem espaço suficiente para a atualização
4.4.4. Pare sistemas de monitoramento
4.4.5. Atualização mínima do sistema
4.4.6. Atualizando o sistema
4.5. Possíveis problemas durante a atualização
4.5.1. O full-upgrade falha com Could not perform immediate configuration
4.5.2. Remoções esperadas
4.5.3. Loops de conflitos ou pré-dependências
4.5.4. Conflitos de arquivo
4.5.5. Mudanças de configuração
4.5.6. Mudança de sessão para o console
4.6. Atualizando o seu kernel e pacotes relacionados
4.6.1. Instalando um metapacote do kernel
4.7. Preparar para a próxima versão
4.7.1. Expurgando pacotes removidos
4.8. Pacotes obsoletos
4.8.1. Pacotes fictícios transitórios

4.1. Preparando para a atualização

Nós sugerimos que antes de atualizar você também leia as informações em Capítulo 5, Problemas a serem considerados para a bookworm. Esse capítulo aborda potenciais problemas, os quais não estão diretamente relacionados ao processo de atualização, mas que ainda pode ser importante conhecer antes que você comece.

4.1.1. Faça backup de quaisquer dados ou informações de configuração

Antes de atualizar o seu sistema, é fortemente recomendado que você faça um backup completo ou, pelo menos, faça backup de quaisquer dados ou informações de configuração que você não possa perder. As ferramentas de atualização e o processo são bastante confiáveis, mas uma falha de hardware no meio de uma atualização pode resultar em um sistema severamente danificado.

Os principais dados que você terá que fazer backup são os conteúdos de /etc, /var/lib/dpkg, /var/lib/apt/extended_states e a saída de:

$ dpkg --get-selections '*' # (os apóstrofos são importantes)
      

Caso você utilize o aptitude para gerenciar pacotes no seu sistema, você também terá que fazer backup de /var/lib/aptitude/pkgstates.

O processo de atualização em si não modifica nada no diretório /home. Porém, alguns aplicativos (por exemplo, partes da suíte Mozilla e os ambientes de área de trabalho GNOME e KDE) são conhecidos por sobrescrever as configurações existentes dos usuários com novos padrões, quando uma nova versão do aplicativo é iniciada pela primeira vez por um usuário. Como precaução, você pode fazer um backup dos arquivos e diretórios ocultos (dotfiles) nos diretórios home dos usuários. Esse backup pode ajudar a recuperar ou recriar antigas configurações. Você também pode informar os usuários sobre isso.

Qualquer operação de instalação de pacote deve ser executada com privilégios de superusuário, para isso, faça login como root ou use o su ou o sudo para obter os direitos de acesso necessários.

A atualização possui algumas condições prévias; você deve verificá-las antes de começar a executar a atualização.

4.1.2. Informe os usuários com antecedência

É sensato informar a todos os usuários com antecedência sobre qualquer atualização que você esteja planejando, embora os usuários que acessem o seu sistema via uma conexão ssh pouco devam notar durante a atualização, e devam ser capazes de continuar trabalhando.

Caso você deseje tomar precauções extras, faça backup ou desmonte a partição /home antes de atualizar.

Você terá que fazer uma atualização de kernel quando atualizar para o bookworm, então, uma reinicialização será necessária. Normalmente, isso será feito depois que a atualização for concluída.

4.1.3. Preparar para indisponibilidade de serviços

Poderão haver serviços que são oferecidos pelo sistema que estão associados aos pacotes que serão incluídos na atualização. Se esse for o caso, por favor, note que durante a atualização esses serviços serão interrompidos, enquanto os seus pacotes associados estiverem sendo substituídos e configurados. Durante esse tempo, esses serviços não estarão disponíveis.

O tempo exato de indisponibilidade desses serviços variará dependendo do número de pacotes sendo atualizados no sistema, e isso também inclui o tempo que o administrador do sistema gasta respondendo a quaisquer perguntas de configuração das atualizações dos pacotes. Observe que, se o processo de atualização for deixado sem acompanhamento e o sistema solicitar uma entrada durante a atualização, existe uma grande possibilidade dos serviços ficarem indisponíveis[1] por um período significativo de tempo.

Se o sistema que está sendo atualizado fornecer serviços críticos para os seus usuários ou para a rede[2], você pode reduzir o tempo de indisponibilidade caso você faça uma atualização mínima do sistema, como descrito em Seção 4.4.5, “Atualização mínima do sistema”, seguida de uma atualização do kernel e reinicialização, e então atualizar os pacotes associados aos seus serviços críticos. Atualize esses pacotes antes de fazer a atualização completa descrita em Seção 4.4.6, “Atualizando o sistema”. Dessa forma, você pode garantir que esses serviços essenciais estejam funcionando e disponíveis durante o processo de atualização completa, e o seu tempo de indisponibilidade é reduzido.

4.1.4. Preparar para recuperação

Embora o Debian tente garantir que o seu sistema permaneça inicializável a todo o momento, sempre há uma chance de você ter problemas ao reinicializar o seu sistema após a atualização. Problemas possíveis conhecidos são documentados neste e nos próximos capítulos destas notas de lançamento.

Por essa razão faz sentido garantir que você seja capaz de recuperar o seu sistema caso não consiga reinicializar ou, para sistemas gerenciados remotamente, não consiga levantar a rede.

Caso você esteja atualizando remotamente através de um link ssh, é recomendado que você tome as precauções necessárias para ser capaz de acessar o servidor por meio de um terminal serial remoto. Há uma chance de que, após atualizar o kernel e reinicializar, você tenha que corrigir a configuração do sistema por meio de um console local. Além disso, se o sistema for reinicializado acidentalmente no meio de uma atualização, existe uma chance de que você precise recuperá-lo usando um console local.

Para recuperação de emergência, nós geralmente recomendamos usar o modo de recuperação do Instalador Debian da bookworm. A vantagem de usar o instalador é que você pode escolher entre os seus vários métodos para encontrar aquele que melhor se adéqua à sua situação. Para mais informações, por favor, consulte a seção Recuperando um sistema quebrado no capítulo 8 do Guia de Instalação e a FAQ do Instalador Debian.

Se isso falhar, você precisará de uma forma alternativa de inicializar seu sistema, e assim poder acessá-lo e repará-lo. Uma opção é usar uma imagem especial de recuperação ou de instalação live. Após a inicialização a partir dela, você deverá ser capaz de montar o seu sistema de arquivos raiz e fazer chroot nele para investigar e corrigir o problema.

4.1.4.1. Shell de depuração durante a inicialização usando initrd

O pacote initramfs-tools inclui um shell de depuração[3] nas initrds que ele gera. Se, por exemplo, a initrd for incapaz de montar o seu sistema de arquivos raiz, você será deixado nesse shell de depuração que tem comandos básicos disponíveis para ajudar a rastrear o problema e possivelmente corrigi-lo.

Coisas básicas a serem verificadas: presença dos arquivos de dispositivo corretos em /dev; quais módulos estão carregados (cat /proc/modules); saída do dmesg com erros de carregamento de drivers. A saída do dmesg também exibirá quais arquivos de dispositivo foram associados a quais discos; você deve verificar isso com a saída do echo $ROOT para certificar-se que o sistema de arquivos raiz está no dispositivo esperado.

Caso você consiga resolver o problema, digitando exit sairá do shell de depuração e continuará o processo de inicialização a partir do ponto em que ele falhou. Claro que você também precisará corrigir a causa do problema e gerar novamente a initrd, pois assim a próxima inicialização não falhará novamente.

4.1.4.2. Shell de depuração durante a inicialização usando systemd

No caso da inicialização falhar sob o systemd, é possível obter um shell root de depuração alterando-se a linha de comando do kernel. Caso a inicialização básica funcione, mas alguns dos serviços falhem ao iniciar, pode ser útil adicionar systemd.unit=rescue.target aos parâmetros do kernel.

Caso contrário, o parâmetro do kernel systemd.unit=emergency.target irá fornecer-lhe um shell root no momento mais imediato possível. Porém, isso é feito antes da montagem do sistema de arquivos raiz com permissões de leitura e escrita. Você terá que fazer isso manualmente com:

# mount -o remount,rw /
      

Outra abordagem seria habilitar o shell de depuração inicial do systemd via debug-shell.service. Na inicialização seguinte, esse serviço abrirá um shell de login root no tty9 nas primeiras etapas do processo de inicialização. Isso pode ser habilitado com o parâmetro de inicialização do kernel systemd.debug-shell=1, ou tornado persistente com systemctl enable debug-shell (nesse caso, isso deve ser desabilitado novamente quando a depuração estiver completa).

Mais informações sobre depuração de uma inicialização quebrada sob systemd podem ser encontradas no artigo Diagnosticando problemas de inicialização, do Freedesktop.org.

4.1.5. Preparar um ambiente seguro para a atualização

[Importante]Importante

Caso você esteja usando alguns serviços VPN (tais como tinc), considere que eles podem não estar disponíveis ao longo do processo de atualização. Por favor, veja Seção 4.1.3, “Preparar para indisponibilidade de serviços”.

A fim de conseguir uma margem extra de segurança quando atualizar remotamente, nós sugerimos que você execute o processo de atualização no console virtual fornecido pelo programa screen, que permite uma reconexão segura e garante que o processo de atualização não seja interrompido mesmo se o processo de conexão remota falhar temporariamente.

4.2. Inicie a partir de um Debian puro

O processo de atualização descrito neste capítulo foi projetado para sistemas Debian estáveis puros. O APT controla o que é instalado no seu sistema. Se a sua configuração do APT faz menção a fontes adicionais além da bullseye, ou se você tiver pacotes instalados de outros lançamentos ou de terceiros, então para garantir um processo de atualização confiável, talvez você queira iniciar removendo esses fatores de complicação.

O principal arquivo de configuração que o APT usa para decidir de quais fontes ele deve baixar pacotes é /etc/apt/sources.list, mas ele também pode usar arquivos do diretório /etc/apt/sources.list.d/ - para detalhes, veja sources.list(5). Se o seu sistema estiver usando múltiplos arquivos source-list, então você precisa garantir que eles estejam consistentes.

4.2.1. Atualização para Debian 11 (bullseye)

Somente atualizações a partir do Debian 11 (bullseye) são suportadas. Veja a sua versão do Debian com:

$ cat /etc/debian_version
      

Por favor, siga as instruções nas Notas de lançamento para Debian 11 para atualizar para Debian 11 primeiro, se necessário.

4.2.2. Atualize para a última versão pontual

Esse procedimento assume que o seu sistema foi atualizado para a versão pontual mais recente do bullseye. Caso você não tenha feito isso ou não tenha certeza, siga as instruções em Seção A.1, “Atualizando seu sistema bullseye”.

4.2.3. Debian Backports

O Debian Backports permite aos usuários do Debian estável (stable) executar pacotes com versões mais atuais (porém menos testados e com menor suporte de segurança). A Equipe Debian Backports mantêm um subconjunto de pacotes oriundos da próxima versão do Debian, ajustados e recompilados para uso na versão estável atual do Debian.

Os pacotes de bullseye-backports têm números de versão mais baixos que a versão em bookworm, assim eles devem ser atualizados normalmente para a bookworm, da mesma forma que pacotes puros da bullseye durante a atualização da distribuição. Embora não existam potenciais problemas conhecidos, os caminhos de atualização a partir da backports são menos testados, e correspondentemente incorrem em maior risco.

[Cuidado]Cuidado

Embora o Debian Backports seja suportado, não existe um caminho de atualização limpo a partir de sloppy backports (o qual usa entradas source-list do APT referenciando bullseye-backports-sloppy).

Assim como em Seção 4.2.10, “Fontes não oficiais”, os usuários são aconselhados a remover as entradas bullseye-backports de seus arquivos source-list do APT antes de atualizar. Após completar a atualização, eles podem considerar adicionar bookworm-backports.

Para mais informação, consulte a página Backports na wiki.

4.2.4. Prepare o banco de dados de pacotes

Você deve se certificar de que o banco de dados de pacotes esteja pronto antes de continuar com a atualização. Se você for um usuário de outro gerenciador de pacotes, como aptitude ou synaptic, revise quaisquer ações pendentes. Um pacote agendado para instalação ou remoção pode interferir no procedimento de atualização. Note que só é possível corrigir isso se os seus arquivos source-list do APT ainda apontarem para bullseye e não para stable ou bookworm; veja Seção A.2, “Verificando seus arquivos source-list do APT”.

4.2.5. Remova pacotes obsoletos

É uma boa ideia remover pacotes obsoletos do seu sistema antes da atualização. Eles podem introduzir complicações durante o processo de atualização e podem apresentar riscos de segurança pois não são mais mantidos.

4.2.6. Remover pacotes não-Debian

Abaixo, há dois métodos para encontrar pacotes instalados que não foram fornecidos pelo Debian, usando apt ou apt-forktracer. Por favor, note que nenhum deles é 100% preciso (por exemplo: o método usando apt listará pacotes que já foram fornecidos pelo Debian no passado, mas não são mais, tais como pacotes de kernels antigos).

$ apt list '?narrow(?installed, ?not(?origin(Debian)))'
$ apt-forktracer | sort
    

4.2.7. Remova arquivos de configuração que sobrarem

Uma atualização anterior pode ter deixado cópias não usadas de arquivos de configuração; versões antigas de arquivos de configuração, versões fornecidas pelos mantenedores dos pacotes, etc. Remover arquivos que sobraram de atualizações anteriores pode evitar confusão. Encontre esses arquivos que sobraram com:

# find /etc -name '*.dpkg-*' -o -name '*.ucf-*' -o -name '*.merge-error'
    

4.2.8. Os componentes non-free e non-free-firmware

Caso você tenha firmware não-livre instalado, é recomendado adicionar non-free-firmware à sua sources-list do APT. Para detalhes, veja Seção 2.2, “Áreas do repositório” e Seção 5.1.1, “ Firmware não-livre movido para o seu próprio componente no repositório ”.

4.2.9. A seção proposed-updates

Caso você tenha a seção proposed-updates presente nos seus arquivos source-list do APT, você deve removê-la antes de tentar atualizar o seu sistema. Essa é uma precaução para reduzir a probabilidade de conflitos.

4.2.10. Fontes não oficiais

Caso você tenha quaisquer pacotes não-Debian no seu sistema, você deve estar ciente de que esses podem ser removidos durante a atualização por causa de dependências conflitantes. Se esses pacotes foram instalados pela adição de um repositório extra nos seus arquivos source-list do APT, você deve verificar se tal repositório também oferece pacotes compilados para bookworm e alterar o item da fonte adequadamente ao mesmo tempo que alterar os seus itens das fontes para os pacotes Debian.

Alguns usuários podem ter versões atualizadas retroativamente (backported) não-oficiais mais novas dos pacotes que estão no Debian instaladas no seu sistema bullseye. Tais pacotes são mais prováveis de causar problemas durante a atualização, pois podem resultar em conflitos de arquivo[4]. Seção 4.5, “Possíveis problemas durante a atualização” tem algumas informações sobre como lidar com conflitos de arquivo caso eles ocorram.

4.2.11. Desabilitando o pinning do APT

Caso você tenha configurado o APT para instalar determinados pacotes a partir de uma distribuição diferente da "stable" (por exemplo, da "testing"), você pode ter que mudar sua configuração de pinning do APT (guardada em /etc/apt/preferences e /etc/apt/preferences.d/) para permitir a atualização dos pacotes para as versões existentes na nova versão "stable". Mais informações sobre pinning do APT podem ser encontradas em apt_preferences(5).

4.2.12. Check gpgv is installed

APT needs gpgv version 2 or greater to verify the keys used to sign releases of bookworm. Since gpgv1 technically satisfies the dependency but is useful only in specialized circumstances, users may wish to ensure the correct version is installed with:

# apt install gpgv
    

4.2.13. Verifique a situação dos pacotes

Independentemente do método usado para atualização, é recomendado que você primeiro verifique a situação de todos os pacotes, e verifique se todos estão em uma situação atualizável. O seguinte comando exibirá quaisquer pacotes que tenham uma situação de Half-Installed ou Failed-Config, e aqueles com alguma situação de erro.

$ dpkg --audit
    

Você também pode inspecionar o estado de todos os pacotes em seu sistema utilizando o aptitude ou com comandos como

$ dpkg -l | pager
    

ou

# dpkg --get-selections '*' > ~/curr-pkgs.txt
    

Alternativamente, você também pode usar apt.

# apt list --installed > ~/curr-pkgs.txt
    

É desejável remover quaisquer retenções (holds) em pacotes antes da atualização. Se qualquer pacote que seja essencial para a atualização estiver retido, a atualização falhará.

$ apt-mark showhold
    

Se você alterou e recompilou um pacote localmente, e não o renomeou ou colocou uma época na versão, você deve colocá-lo em retenção para evitar que seja atualizado.

O estado do pacote em hold pelo apt pode ser alterado usando:

# apt-mark hold nome_do_pacote
    

Substitua hold por unhold para remover o estado de hold.

Se existir alguma coisa que você precise corrigir, é melhor certificar-se que os seus arquivos source-list do APT ainda se refiram a bullseye, como explicado em Seção A.2, “Verificando seus arquivos source-list do APT”.

4.3. Preparando os arquivos source-list do APT

Antes de iniciar a atualização, você deve reconfigurar os arquivos source-list do APT (/etc/apt/sources.list e arquivos sob /etc/apt/sources.list.d/) para adicionar fontes para bookworm e, geralmente, remover fontes para bullseye.

O APT considerará todos os pacotes que possam ser encontrados através de qualquer repositório configurado e instalará o pacote com o número de versão mais elevado, dando prioridade à primeira entrada encontrada nos arquivos. Assim, se você tiver múltiplas localizações de espelhos, liste primeiro os que estiverem em discos rígidos locais, depois CD-ROMs, e então os espelhos remotos.

Uma versão pode normalmente ser referida tanto pelo seu codinome (por exemplo, bullseye, bookworm) como pelo seu nome de estado (ou seja, oldstable, stable, testing, unstable). Referir-se a uma versão pelo seu codinome tem a vantagem que você nunca será surpreendido por uma nova versão, e por essa razão essa abordagem é adotada aqui. Isso significa certamente que você mesmo terá que ficar atento aos anúncios de lançamento. Caso você use o nome de estado em vez disso, apenas verá grandes quantidades de atualizações dos pacotes disponíveis assim que um lançamento acontecer.

O Debian fornece duas listas de e-mail de anúncios para ajudar você a ficar atualizado sobre informações relevantes relacionadas a lançamentos do Debian:

4.3.1. Adicionar fontes da Internet ao APT

Em novas instalações, o padrão é que o APT seja configurado para usar o serviço de CDN para APT do Debian, o qual deve assegurar que os pacotes sejam automaticamente baixados de um servidor próximo de você em termos de rede. Como esse é um serviço relativamente novo, instalações antigas podem ter configurações que ainda apontam para algum dos servidores de Internet principais do Debian ou algum dos seus espelhos. Se você ainda não o fez, é recomendado passar a usar o serviço de CDN na sua configuração do APT.

Para fazer uso do serviço de CDN, adicione uma linha como esta na sua configuração de fonte do APT (assumindo que você esteja usando main e contrib):

deb https://deb.debian.org/debian bookworm main contrib

Após adicionar suas novas fontes, desabilite as linhas deb previamente existentes pondo um sinal de cerquilha (#) no início delas.

No entanto, se você obtiver melhores resultados usando um espelho específico que seja mais próximo de você em termos de rede, essa opção ainda está disponível.

Os endereços dos espelhos do Debian podem ser encontrados em https://www.debian.org/distrib/ftplist (veja na seção lista de espelhos do Debian).

Por exemplo, suponha que seu espelho Debian mais próximo seja http://mirrors.kernel.org. Se você examinar esse espelho com um navegador web, você notará que os diretórios principais estão organizados assim:

http://mirrors.kernel.org/debian/dists/bookworm/main/binary-i386/...
http://mirrors.kernel.org/debian/dists/bookworm/contrib/binary-i386/...
    

Para configurar o APT para usar um determinado espelho, adicione uma linha como esta (novamente, assumindo que você esteja usando main e contrib):

deb http://mirrors.kernel.org/debian bookworm main contrib

Note que o dists é adicionado implicitamente, e os argumentos após o nome da versão são usados para expandir o caminho em múltiplos diretórios.

Novamente, depois de adicionar as suas novas fontes, desabilite as entradas de repositórios previamente existentes.

4.3.2. Adicionando fontes ao APT para um espelho local

Em vez de usar espelhos de pacotes remotos, é possível que você deseje modificar os arquivos source-list do APT para usar um espelho em um disco local (possivelmente montado sobre NFS).

Por exemplo, seu espelho de pacotes pode estar sob /var/local/debian/, e ter diretórios principais assim:

/var/local/debian/dists/bookworm/main/binary-i386/...
/var/local/debian/dists/bookworm/contrib/binary-i386/...
    

Para usar isso com o apt, adicione esta linha ao seu arquivo sources.list:

deb file:/var/local/debian bookworm main contrib

Note que o dists é adicionado implicitamente, e os argumentos após o nome da versão são usados para expandir o caminho em múltiplos diretórios.

Após adicionar suas novas fontes, desabilite as entradas de repositórios previamente existentes em arquivos source-list do APT pondo um sinal de cerquilha (#) no início delas.

4.3.3. Adicionando fontes ao APT a partir de mídia ótica

Caso você queira usar somente DVDs (ou mídias de CD ou Blu-ray), comente as entradas já existentes em todos os arquivos source-list do APT pondo um sinal de cerquilha (#) no início delas.

Certifique-se de que existe uma linha em /etc/fstab que habilite a montagem do seu drive de CD-ROM no ponto de montagem /media/cdrom. Por exemplo, caso /dev/sr0 seja o seu drive de CD-ROM, o /etc/fstab deve conter uma linha como:

/dev/sr0 /media/cdrom auto noauto,ro 0 0
    

Note que não deve haver nenhum espaço entre as palavras noauto,ro no quarto campo.

Para verificar se funciona, insira um CD e tente executar

# mount /media/cdrom    # isso montará o CD no ponto de montagem
# ls -alF /media/cdrom  # isso deverá exibir o diretório raiz do CD
# umount /media/cdrom   # isso desmontará o CD
    

Depois, execute:

# apt-cdrom add
    

para cada CD-ROM de binários do Debian que você tiver, para adicionar os dados a respeito de cada CD à base de dados do APT.

4.4. Atualizando pacotes

A forma recomendada para atualizar a partir de versões anteriores do Debian é usar a ferramenta de gerenciamento de pacotes apt.

[Nota]Nota

O apt é indicado para uso interativo, e não deve ser usado em scripts. Em scripts, deve-se usar apt-get, o qual tem uma saída estável mais apropriada para análise.

Não esqueça de montar todas as partições necessárias (especialmente as partições raiz e /usr) com permissões de leitura e escrita, com um comando como:

# mount -o remount,rw /ponto-de-montagem
  

Em seguida, você deve confirmar novamente se as entradas das fontes do APT (em /etc/apt/sources.list e nos arquivos sob /etc/apt/sources.list.d/) referem-se a bookworm ou a stable. Não devem haver quaisquer entradas de fontes que apontem para bullseye

[Nota]Nota

As linhas de fontes de um CD-ROM podem às vezes se referir à unstable; embora isso possa ser confuso, você não deve alterá-las.

4.4.1. Gravando a sessão

É fortemente recomendado que você utilize o programa /usr/bin/script para gravar uma transcrição da sessão de atualização. Então, se um problema ocorrer, você terá um registro do que aconteceu e, se necessário, poderá fornecer informações precisas em um relatório de bug. Para iniciar a gravação, digite:

# script -t 2>~/upgrade-bookworm-etapa.hora -a ~/upgrade-bookworm-etapa.script
    

ou semelhante. Caso você tenha que reexecutar a transcrição (por exemplo, caso você tenha que reinicializar o sistema) use valores diferentes para etapa para indicar qual etapa da atualização você está registrando. Não ponha o arquivo de transcrição em um diretório temporário como /tmp ou /var/tmp (arquivos nesses diretórios podem ser excluídos durante a atualização ou durante qualquer reinicialização).

A transcrição também permitirá que você reveja informações que rolaram para fora da tela. Caso você esteja no console do sistema, apenas mude para VT2 (usando Alt+F2) e, após se autenticar, use less -R ~root/upgrade-bookworm-etapa.script para ver o arquivo.

Depois que você tiver completado a atualização, pode parar o script digitando exit no prompt.

O apt também regitrará os estados dos pacotes modificados em /var/log/apt/history.log e a saída do terminal em /var/log/apt/term.log. O dpkg registrará, adicionalmente, todas as modificações de estados de pacotes em /var/log/dpkg.log. Caso você use o aptitude, ele também registrará as modificações de estado em /var/log/aptitude.

Caso você tenha usado a opção -t para o script, você pode usar o programa scriptreplay para reproduzir toda a sessão:

# scriptreplay ~/upgrade-bookwormetapa.time ~/upgrade-bookwormetapa.script
    

4.4.2. Atualizando a lista de pacotes

Primeiro, a lista de pacotes disponíveis para a nova versão precisa ser obtida. Isso é feito executando:

# apt update
    
[Nota]Nota

Os usuários do apt-secure podem encontrar problemas ao usar aptitude ou apt-get. Para o apt-get, você pode usar apt-get update --allow-releaseinfo-change.

4.4.3. Certifique-se que você tem espaço suficiente para a atualização

Você tem que se certificar, antes de atualizar o seu sistema, que você terá espaço em disco rígido suficiente quando iniciar a atualização completa do sistema descrita em Seção 4.4.6, “Atualizando o sistema”. Primeiro, qualquer pacote necessário para instalação que for obtido pela rede é armazenado em /var/cache/apt/archives (e no subdiretório partial/, durante o download), então você deve certificar-se que tem espaço suficiente na partição do sistema de arquivos que contém o /var/ para download temporário dos pacotes que serão instalados em seu sistema. Após o download, você provavelmente precisará de mais espaço em outras partições de sistemas de arquivos, tanto para instalação de pacotes atualizados (que podem conter executáveis maiores ou mais dados) quanto para novos pacotes que serão trazidos pela atualização. Caso o seu sistema não tenha espaço suficiente, você pode acabar com uma atualização incompleta que pode ser difícil de recuperar.

O apt pode exibir informações detalhadas sobre o espaço em disco necessário para a instalação. Antes de executar a atualização, você pode ver essa estimativa executando:

# apt -o APT::Get::Trivial-Only=true full-upgrade
[ ... ]
XXX upgraded, XXX newly installed, XXX to remove and XXX not upgraded.
Need to get xx.xMB of archives.
After this operation, AAAMB of additional disk space will be used.
    
[Nota]Nota

Ao executar esse comando no início do processo de atualização, pode ocorrer um erro, devido às razões descritas nas próximas seções. Nesse caso, você precisará esperar até que tenha feito a atualização mínima do sistema, como em Seção 4.4.5, “Atualização mínima do sistema”, antes de executar esse comando para estimar o espaço em disco.

Caso você não tenha espaço suficiente em disco para a atualização, o apt o avisará com uma mensagem como esta:

E: Você não tem espaço livre suficiente em /var/cache/apt/archives/.
    

Nessa situação, certifique-se de liberar espaço suficiente antes. Você pode:

  • Remover pacotes que tenham sido previamente baixados para instalação (em /var/cache/apt/archives). Limpar o cache de pacotes executando apt clean removerá todos os arquivos de pacote previamente baixados.

  • Remover pacotes esquecidos. Caso você tenha utilizado o aptitude ou apt para instalar pacotes manualmente na bullseye, ele terá mantido o registro desses pacotes que você instalou manualmente e será capaz de marcar como redundantes aqueles pacotes obtidos apenas por dependências que não são mais necessárias devido ao pacote ter sido removido. Eles não marcarão para remoção pacotes que você instalou manualmente. Para remover automaticamente pacotes que não são mais usados, execute:

    # apt autoremove
            

    Você também pode usar o deborphan, debfoster ou cruft para encontrar pacotes redundantes. Não remova cegamente os pacotes apresentados por essas ferramentas, especialmente se você estiver usando opções agressivas diferentes do padrão que são propensas a falsos positivos. É altamente recomendado que você revise manualmente os pacotes sugeridos para remoção (ou seja, seus conteúdos, tamanhos e descrições) antes de removê-los.

  • Remova pacotes que ocupam muito espaço e não são necessários atualmente (você sempre pode reinstalá-los após a atualização). Caso você tenha o popularity-contest instalado, você pode usar o popcon-largest-unused para listar os pacotes que você não usa e que ocupam mais espaço. Você pode encontrar apenas os pacotes que ocupam mais espaço em disco com dpigs (disponível no pacote debian-goodies) ou com o wajig (executando wajig size). Eles também podem ser encontrados com o aptitude. Inicie o aptitude em modo terminal cheio, selecione VisõesNova lista de pacotes plana, pressione l e digite ~i, então pressione S e digite ~installsize. Isso lhe dará uma lista conveniente para trabalhar.

  • Remover traduções e arquivos de localização do sistema se eles não forem necessários. Você pode instalar o pacote localepurge e configurá-lo para que apenas alguns locales selecionados sejam mantidos no sistema. Isso reduzirá o espaço de disco consumido em /usr/share/locale.

  • Mover temporariamente para um outro sistema, ou remover permanentemente, registros do sistema existentes em /var/log/.

  • Usar um /var/cache/apt/archives temporário: Você pode usar um diretório de cache temporário de um outro sistema de arquivos (dispositivo de armazenamento USB, disco rígido temporário, sistema de arquivos já em uso, ...).

    [Nota]Nota

    Não use uma montagem NFS pois a conexão de rede pode ser interrompida durante a atualização.

    Por exemplo, caso você tenha um pendrive USB montado em /media/pendrive:

    1. remova os pacotes que tenham sido previamente baixados para instalação:

      # apt clean
                      

    2. copie o diretório /var/cache/apt/archives para o drive USB:

      # cp -ax /var/cache/apt/archives /media/pendrive/
                      

    3. monte o diretório de cache temporário no lugar do atual:

      # mount --bind /media/pendrive/archives /var/cache/apt/archives
                      

    4. após a atualização, restaure o diretório /var/cache/apt/archives original:

      # umount /media/pendrive/archives
                      

    5. remova o /media/pendrive/archives restante.

    Você pode criar o diretório de cache temporário em qualquer sistema de arquivos que esteja montado em seu sistema.

  • Fazer uma atualização mínima do sistema (veja Seção 4.4.5, “Atualização mínima do sistema”) ou atualizações parciais do sistema seguidas por uma atualização completa. Isso permitirá atualizar o sistema parcialmente, e permite limpar o cache de pacotes antes da atualização completa.

Note que para remover pacotes com segurança, é aconselhável mudar os seus arquivos source-list do APT de volta para bullseye como descrito em Seção A.2, “Verificando seus arquivos source-list do APT”.

4.4.4. Pare sistemas de monitoramento

Como o apt pode precisar interromper temporariamente serviços em execução no seu computador, provavelmente é uma boa ideia parar serviços de monitoramento que possam reiniciar outros serviços terminados durante a atualização. No Debian, o monit é um exemplo de tal serviço.

4.4.5. Atualização mínima do sistema

Em alguns casos, fazer a atualização completa (como descrito abaixo) diretamente pode remover um grande número de pacotes que você queira manter. Nós portanto recomendamos um processo de atualização em duas partes: primeiro uma atualização mínima para superar esses conflitos, depois uma atualização completa como descrito em Seção 4.4.6, “Atualizando o sistema”.

Para fazer isso, primeiro execute:

# apt upgrade --without-new-pkgs
    

Isso tem como efeito a atualização daqueles pacotes que podem ser atualizados sem a necessidade de que quaisquer outros pacotes sejam removidos ou instalados.

A atualização mínima do sistema também pode ser útil quando o sistema estiver com pouco espaço e uma atualização completa não puder ser feita devido às restrições de espaço.

Se o pacote apt-listchanges estiver instalado, ele mostrará (em sua configuração padrão) informações importantes sobre pacotes atualizados em um paginador depois de baixar os pacotes. Pressione q após a leitura para sair do paginador e continue a atualização.

4.4.6. Atualizando o sistema

Uma vez que você tenha cumprido os passos anteriores, agora está pronto para continuar com a parte principal da atualização. Execute:

# apt full-upgrade
    

Isso realizará uma atualização completa do sistema, instalando as versões mais novas disponíveis de todos os pacotes, e resolvendo todas as mudanças de dependências possíveis entre pacotes em lançamentos diferentes. Se necessário, instalará alguns pacotes novos (normalmente novas versões de bibliotecas, ou pacotes renomeados), e removerá quaisquer pacotes obsoletos em conflito.

Quando atualizar a partir de um conjunto de CDs/DVDs/BDs, será pedido para inserir discos específicos em vários pontos durante a atualização. Você pode ter que inserir o mesmo disco várias vezes; isso é devido a pacotes inter-relacionados que foram espalhados através dos discos.

As novas versões dos pacotes instalados atualmente que não puderem ser atualizadas sem mudar a situação da instalação de um outro pacote serão deixadas em sua versão atual (exibidas como held back). Isso pode ser resolvido tanto utilizando o aptitude para escolher esses pacotes para instalação, como tentando apt install pacote.

4.5. Possíveis problemas durante a atualização

As seções seguintes descrevem problemas conhecidos que podem aparecer durante uma atualização para a bookworm.

4.5.1. O full-upgrade falha com Could not perform immediate configuration

Em alguns casos a etapa apt full-upgrade pode falhar após baixar os pacotes com:

E: Não foi possível realizar a configuração imediata no 'pacote'. Por favor, veja man 5 apt.conf sob APT::Immediate-Configure para detalhes.
      

Caso isso ocorra, executar apt full-upgrade -o APT::Immediate-Configure=0 em vez disso deve permitir que a atualização prossiga.

Outra possível solução para esse problema é adicionar temporariamente as fontes do bullseye e bookworm aos seus arquivos source-list do APT e executar apt update.

4.5.2. Remoções esperadas

O processo de atualização para a bookworm pode solicitar a remoção de pacotes no sistema. A lista exata dos pacotes variará dependendo do conjunto de pacotes que você tenha instalado. Estas notas de lançamento dão conselhos gerais sobre essas remoções, mas se estiver em dúvida, é recomendado que você examine as remoções de pacotes propostas por cada método antes de prosseguir. Para mais informações sobre pacotes obsoletos no bookworm, veja Seção 4.8, “Pacotes obsoletos”.

4.5.3. Loops de conflitos ou pré-dependências

Algumas vezes é necessário habilitar a opção APT::Force-LoopBreak no APT para que seja possível remover temporariamente um pacote essencial devido a um loop de Conflitos/Pré-Dependências. O apt o alertará sobre isso e cancelará a atualização. Você pode contornar isso especificando a opção -o APT::Force-LoopBreak=1 na linha de comando do apt.

É possível que uma estrutura de dependências do sistema possa estar tão corrompida de modo que necessite de intervenção manual. Normalmente, isso significa usar o apt ou

# dpkg --remove nome_do_pacote
    

para eliminar alguns dos pacotes problemáticos, ou

# apt -f install
# dpkg --configure --pending
    

Em casos extremos, você poderá ter que forçar a reinstalação com um comando como

# dpkg --install /caminho/para/nome_do_pacote.deb
    

4.5.4. Conflitos de arquivo

Os conflitos de arquivo não devem ocorrer caso você atualize a partir de um sistema puro bullseye, mas podem ocorrer caso você tenha portes retroativos não oficiais instalados. Um conflito de arquivo resultará em um erro como:

Descompactando <pacote-foo> (de <arquivo-de-pacote-foo>) ...
dpkg: erro processando <pacote-foo> (--install):
 tentando sobrescrever '<algum-nome-de-arquivo>',
 que também está no pacote <pacote-bar>
dpkg-deb: sub-processo de colagem morto pelo sinal (pipe quebrado)
 Erros foram encontrados enquanto processando:
 <pacote-foo>
    

Você pode tentar resolver um conflito de arquivo com a remoção forçada do pacote mencionado na última linha da mensagem de erro:

# dpkg -r --force-depends nome_do_pacote
    

Após consertar as coisas, você deve ser capaz de continuar a atualização repetindo os comandos do apt descritos anteriormente.

4.5.5. Mudanças de configuração

Durante a atualização, serão feitas perguntas com relação a configuração ou reconfiguração de diversos pacotes. Quando você for perguntado se algum arquivo no diretório /etc/init.d, ou o arquivo /etc/manpath.config deve ser substituído pela versão do mantenedor do pacote, normalmente é necessário responder yes para garantir a coerência do sistema. Você sempre pode reverter para as versões antigas, já que serão guardadas com uma extensão .dpkg-old.

Caso você não tenha certeza do que fazer, anote o nome do pacote ou arquivo e resolva em um momento posterior. Você pode procurar no arquivo transcrito para rever as informações que estavam na tela durante a atualização.

4.5.6. Mudança de sessão para o console

Caso você esteja executando a atualização usando o console local do sistema, você pode achar que em alguns momentos durante a atualização o console é comutado para uma visão diferente e você perde a visibilidade do processo de atualização. Por exemplo, isso pode acontecer em sistemas com interface gráfica quando o gerenciador de tela é reiniciado.

Para recuperar o console onde a atualização estava em execução você terá que usar Ctrl+Alt+F1 (se estiver na tela de inicialização gráfica) ou Alt+F1 (se estiver no console local em modo texto) para mudar de volta para o terminal virtual 1. Substitua F1 pela tecla de função com o mesmo número do terminal virtual onde a atualização estava em execução. Você também pode usar Alt+Seta Esquerda ou Alt+Seta Direita para mudar entre os diferentes terminais em modo texto.

4.6. Atualizando o seu kernel e pacotes relacionados

Esta seção explica como atualizar o seu kernel e identifica potenciais problemas relacionados com essa atualização. Você pode instalar um dos pacotes linux-image-* fornecidos pelo Debian, ou compilar um kernel customizado a partir do fonte.

Note que muitas das informações nesta seção são baseadas na suposição de que você usará um dos kernels modulares do Debian, juntamente com o initramfs-tools e o udev. Caso você escolha utilizar um kernel customizado que não requeira uma initrd ou se você utilizar um gerador de initrd diferente, algumas das informações podem não ser relevantes para você.

4.6.1. Instalando um metapacote do kernel

Quando você fizer full-upgrade da bullseye para a bookworm, é fortemente recomendado que você instale um metapacote linux-image-*, caso você não tenha feito isso antes. Esses metapacotes trarão automaticamente uma nova versão do kernel durante as atualizações. Você pode verificar se você tem um instalado executando:

$ dpkg -l 'linux-image*' | grep ^ii | grep -i meta
    

Caso você não veja nenhuma saída, então você precisará instalar um novo pacote linux-image manualmente ou instalar um metapacote linux-image. Para ver uma lista dos metapacotes linux-image disponíveis, execute:

$ apt-cache search linux-image- | grep -i meta | grep -v transition
    

Caso você esteja inseguro sobre qual pacote selecionar, execute uname -r e procure um pacote com um nome semelhante. Por exemplo, caso você veja 4.9.0.8-amd64, é recomendado que você instale linux-image-amd64. Você também pode usar apt para ver uma descrição longa de cada pacote a fim de ajudar a escolher o melhor disponível. Por exemplo:

$ apt show linux-image-amd64
    

Você deve então usar apt install para instalá-lo. Uma vez que o novo kernel esteja instalado, você deverá reinicializar assim que for possível para obter os benefícios oferecidos pela nova versão do kernel. Porém, por favor, consulte Seção 5.1.17, “Coisas para fazer depois da atualização e antes de reinicializar” antes de realizar a primeira reinicialização após a atualização.

Para os mais aventureiros, existe uma forma fácil de compilar seu próprio kernel customizado no Debian. Instale os fontes do kernel, fornecidos no pacote linux-source. Você pode fazer uso do alvo deb-pkg disponível no makefile dos fontes para construir um pacote binário. Mais informações podem ser encontradas no Debian Linux Kernel Handbook, o qual também pode ser encontrado como o pacote debian-kernel-handbook.

Se possível, é vantajoso atualizar o pacote do kernel separadamente do full-upgrade principal para reduzir as chances de ter um sistema temporariamente não inicializável. Note que isso deve ser feito somente após o processo de atualização mínima descrito em Seção 4.4.5, “Atualização mínima do sistema”.

4.7. Preparar para a próxima versão

Após a atualização, existem diversas coisas que você pode fazer para preparar para a próxima versão.

4.7.1. Expurgando pacotes removidos

Em geral, é aconselhável expurgar pacotes removidos. Isso é especialmente verdadeiro caso os mesmos tenham sido removidos em uma atualização da versão anterior (por exemplo, de uma atualização do bullseye) ou foram fornecidos por terceiros. Em particular, scripts antigos init.d têm sido conhecidos por causarem problemas.

[Cuidado]Cuidado

Ao expurgar um pacote, geralmente os seus arquivos de log também serão expurgardos, então, é possível que você queira fazer um backup deles primeiro.

O seguinte comando apresenta uma lista de todos os pacotes removidos que podem ter deixado arquivos de configuração no sistema (se houver):

$ apt list '~c'
    

Os pacotes podem ser removidos utilizando apt purge. Supondo que você queira expurgar todos eles de uma vez, você pode usar o seguinte comando:

# apt purge '~c'
    

4.8. Pacotes obsoletos

Ao introduzir vários novos pacotes, a bookworm também aposenta e omite muitos pacotes antigos que estavam na bullseye. Não é fornecido um caminho de atualização para esses pacotes obsoletos. Apesar de nada lhe impedir de continuar a usar um pacote obsoleto enquanto o desejar, o projeto Debian normalmente descontinuará o suporte de segurança para o mesmo um ano após o lançamento da bookworm[5], e não fornecerá normalmente outro suporte nesse meio tempo. Substituí-los por alternativas disponíveis, caso existam, é recomendado.

Existem muitas razões pela quais os pacotes podem ter sido removidos da distribuição: eles não são mais mantidos pelo upstream; não existe mais nenhum Desenvolvedor Debian interessado em manter os pacotes; a funcionalidade que eles fornecem foi substituída por um software diferente (ou uma nova versão); ou eles não são mais considerados adequados para o bookworm devido a bugs nos mesmos. Nesse último caso, os pacotes podem ainda estar presentes na distribuição unstable.

Pacotes Obsoletos e Criados Localmente podem ser listados e expurgados a partir da linha de comando com:

$ apt list '~o'
# apt purge '~o'
  

O Sistema de Rastreamento de Bugs do Debian frequentemente fornece informações adicionais sobre a razão da remoção do pacote. Você deve revisar tanto os relatórios de bug arquivados para o próprio pacote quanto os relatórios de bug arquivados para o pseudo-pacote ftp.debian.org.

Para uma lista de pacotes obsoletos para a Bookworm, por favor, consulte Seção 5.3.1, “Pacotes obsoletos dignos de nota”.

4.8.1. Pacotes fictícios transitórios

Alguns pacotes da bullseye podem ter sido substituídos na bookworm por pacotes fictícios transitórios, os quais são substitutos projetados para simplificar as atualizações. Se, por exemplo, um aplicativo que anteriormente era um pacote simples foi dividido em vários pacotes, um pacote transitório pode ser fornecido com o mesmo nome do pacote antigo e com dependências apropriadas para fazer com que os novos pacotes sejam instalados. Depois disso ter acontecido, o pacote fictício redundante pode ser removido seguramente.

As descrições dos pacotes fictícios transitórios geralmente indicam o seu propósito. No entanto, elas não são uniformes; em particular, alguns pacotes fictícios (dummy) são projetados para continuarem instalados, com a finalidade de incluir uma suíte de software completa, ou acompanhar a última versão atual de algum programa. Você pode também considerar útil o deborphan com as opções --guess-* (por exemplo, --guess-dummy) para detectar pacotes fictícios transitórios em seu sistema.



[1] Se a prioridade do debconf estiver configurada em um nível muito alto, você pode evitar perguntas de configuração, mas os serviços que dependam de respostas predefinidas que não são aplicáveis aos seu sistema falharão ao iniciar.

[2] Por exemplo: serviços de DNS ou DHCP, especialmente quando não há redundância ou substituto em caso de falha (failover). No caso do DHCP, os usuários finais poderão ser desconectados da rede se o tempo de concessão (lease time) for menor do que o tempo que leva para completar o processo de atualização.

[3] Esse recurso pode ser desabilitado adicionando o parâmetro panic=0 aos seus parâmetros de inicialização.

[4] O sistema de gerenciamento de pacotes do Debian normalmente não permite que um pacote remova ou atualize um arquivo pertencente a outro pacote, a menos que ele tenha sido definido para substituir esse pacote.

[5] Ou enquanto não existir outro lançamento durante esse período de tempo. Normalmente, apenas duas versões estáveis são suportadas em um dado momento.