6.3. Utilizar Componentes Individuais

Neste secção iremos descrever em detalhe cada componente do instalador. Os componentes foram agrupados em etapas que devem ser reconhecidas pelos utilizadores. Estão presentes pela ordem que aparecem durante a instalação. Note que nem todos os módulos irão ser utilizados para todas as instalações; os módulos que são utilizados dependem do método de instalação que você escolhe e do seu hardware.

6.3.1. Preparar o Instalador Debian e a Configuração de Hardware

Vamos assumir que o Instalador Debian iniciou e que você está perante o seu primeiro ecrã. Por esta altura, as compatibilidades do debian-installer ainda são bastante limitadas. Não sabe muito acerca do seu hardware, idioma preferido, ou que tarefa deve executar. Não se preocupe. O debian-installer é bastante inteligente, pode automaticamente testar o seu hardware, localizar o resto dos componentes e actualizar-se a ele próprio para uma instalação de sistema capaz. Contudo, ainda precisa ajudar o debian-installer com alguma informação que ele não consegue automaticamente detectar (como seleccionar o seu idioma preferido, configuração do teclado ou qual o mirror de rede desejado).

Você irá notar que o debian-installer executa a detecção de hardware várias vezes durante esta etapa. A primeira vez dirige-se especificamente ao hardware necessário para carregar componentes do instalador (e.g. o seu CD-ROM ou placa de rede). Como não estão disponíveis todos os drivers durante esta primeira execução, a detecção de hardware necessita de ser repetida posteriormente no processo.

6.3.1.1. Verificar a memória disponível

Uma das primeiras coisas que o debian-installer faz, é verificar a memória disponível. Se a memória disponível é limitada, este componente fará algumas alterações no processo de instalação que lhe irão permitir instalar o Debian GNU/Linux no seu sistema.

Durante uma instalação com pouca memória, nem todos os componentes estarão disponíveis. Uma das limitações é que você não poderá escolher um idioma para a instalação.

6.3.1.2. Escolha do Idioma

Como primeiro passo da instalação, escolha o idioma no qual deseja que prossiga o processo da instalação. Os nomes dos idiomas estão listados em ambos os idiomas Inglês (esquerda) e no próprio idioma (direita); Os nomes do lado direito também são mostrados no script adequado para o idioma. A lista está ordenada pelos nomes em Inglês.

O idioma que você escolhe será utilizado para o resto do processo de instalação, desde que esteja disponível uma tradução para os diferentes ecrãs. Se não estiver disponível nenhuma tradução válida para o idioma seleccionado, o instalador utilizará o Inglês. O idioma seleccionado também será utilizado para ajudar a escolher uma configuração de teclado adequada.

6.3.1.3. Escolha do País

Se você seleccionou um idioma na Secção 6.3.1.2, “Escolha do Idioma” que tenha mais que um país associado (aplicável a Chinês, Inglês, Francês, e muitos outros idiomas), pode aqui especificar o idioma. Se você escolheu Outros no fundo da lista, ser-lhe-á apresentada uma lista de países, agrupados por continente.

Esta selecção será posteriormente utilizada no processo de instalação para escolher por omissão um fuso horário e um mirror Debian apropriado para a sua localização geográfica. Se os valores por omissão propostos pelo instalador não forem adequados, você poderá fazer uma escolha diferente. O país seleccionado, em conjunto com o idioma seleccionado, pode também afectar as definições locais para o seu novo sistema Debian.

6.3.1.4. Escolher um teclado

Os teclados são normalmente construídos de acordo com os caracteres utilizados no seu idioma. Escolha um layout de acordo com o teclado que está a utilizar, ou se o seu teclado não estiver representado escolha um próximo. Quando a instalação do sistema terminar, você poderá escolher um layout de teclado a partir de uma gama maior de escolhas (como root execute kbdconfig após ter completado a instalação).

Mova a selecção para a escolha do teclado que deseja e carregue em Enter. Utilize as teclas com setas para mover a selecção — estas estão no mesmo lugar em todas as configurações de teclado para idiomas nacionais, por isso são independentes da configuração do teclado. Um teclado 'estendido' é um que contém as teclas de F1 até F10 na linha superior.

6.3.1.5. Procurar a Imagem ISO do Instalador do Debian

Quando se instala através do método hd-media, existirá um momento em que você tem de encontrar e montar uma imagem iso do Instalador Debian de modo a obter o resto dos ficheiros de instalação. O componente iso-scan faz exactamente isto.

Inicialmente, o iso-scan monta automaticamente todos os block devices (p. ex. partições) que tenham neles algum sistema de ficheiros conhecido e sequencialmente procura por ficheiros que terminam em .iso (ou .ISO para esse efeito). Tenha em atenção que a primeira tentativa procura apenas ficheiros no directório raiz e no primeiro nível dos subdirectórios (i.e. encontra /qualquercoisa.iso, /data/qualquercoisa.iso, mas não /data/tmp/qualquercoisa.iso). Após ter sido encontrada uma imagem iso, o iso-scan verifica o seu conteúdo para verificar se a imagem é ou não uma imagem iso válida do Debian. No primeiro caso termina, no último caso o iso-scan procura por outra imagem.

No caso da tentativa anterior de encontrar uma imagem iso do instalador falhar, o iso-scan irá perguntar-lhe se você deseja executar uma procura mais exaustiva. Esta tentativa não se limita a procurar nos directórios de mais alto nível, atravessando mesmo todo o sistema de ficheiros.

Se o iso-scan não descobrir a sua imagem iso do instalador, reinicie para o seu sistema operativo inicial e verifique se a imagem tem o nome correcto (que termina em .iso), se está colocada num sistema de ficheiros reconhecido pelo debian-installer, e se não está corrompida (verifique o checksum). Utilizadores experientes de Unix podem fazer isto na segunda consola, sem reiniciar.

6.3.1.6. Configuração de Rede

Ao chegar a esta etapa, se o sistema detectar que possui mais do que um dispositivo de rede, ser-lhe-á pedido que indique qual o dispositivo para servir de interface de rede primário, isto é, o que será utilizado para a instalação. As outras interfaces de rede não serão configuradas nesta altura. Poderá configurar interfaces adicionais depois de completar a instalação, veja a página man interfaces(5)

Por omissão, o debian-installer tenta configurar a rede do seu computador automaticamente via DHCP. Se a detecção DHCP tiver sucesso estará efectuada a configuração. Se a procura não for bem sucedida, poderá ter sido causado por vários factores, desde o cabo de rede desligado, até uma configuração de DHCP errada. Ou talvez não exista mesmo um servidor de DHCP na sua rede local. Para futuras explicações confira as mensagens de erro na terceira consola. Em qualquer caso, ser-lhe-á perguntado se quer voltar a tentar, ou se quer efectuar uma configuração manual. Os servidores DHCP são por vezes lentos nas suas respostas, por isso se pensa que está tudo em ordem, tente novamente.

O manual de configuração da rede de um modo geral apresenta-lhe um certo número de questões sobre a sua rede, de salientar endereço IP, Máscara de rede, Gateway, Endereços de servidores de nomes, e um Hostname. Se tiver uma interface de rede wireless, ser-lhe-á pedido que forneça o seu Wireless ESSID e a WEP key. Preencha as respostas a partir da Secção 3.3, “Informação Que Vai Necessitar”.

Nota

Existem alguns aspectos técnicos que pode ou não achar úteis: o programa assume que o endereço IP de rede é a operação lógica AND (dos bits) do seu endereço IP e da sua máscara de rede. O instalador adivinhará que o endereço de broadcast é bitwise ou o IP do seu sistema é a negação bitwise da máscara de rede. Adivinhará também a sua gateway. Se não souber responder a estas perguntas, utilize o guia do sistema — poderá se necessário modificar as opções depois do sistema ter sido instalado, editando o ficheiro /etc/network/interfaces. Alternativamente poderá instalar o etherconf, que irá guiá-lo passo a passo pela configuração da rede.

6.3.2. Particionar e Escolher os Pontos de Montagem

Neste ponto, após a detecção do hardware ter sido feita uma última vez, o debian-installer deverá estar no auge, configurado para as necessidades do utilizador e pronto para efectuar algum trabalho real. Como o título desta secção indica, a tarefa principal dos seguintes componentes resumem-se ao particionamento do disco, atribuição de pontos de montagem e opcionalmente configuração de aspectos relacionados com dispositivos LVM e RAID.

6.3.2.1. Particionar os Seus Discos

Agora é altura de particionar os discos. Se não estiver à vontade com o particionamento, ou se quiser obter mais informações veja o Apêndice B, Particionar para Debian.

No inicio ser-lhe-á dada a oportunidade de criar as partições de um modo automático no disco inteiro, ou no espaço livre do disco. Esta opção é também chamada modo de particionamento “assistido”. Se não quiser criar partições de um modo automático, escolha Editar manualmente a tabela de partições a partir do menu.

Se escolher o assistente de particionamento poderá escolher uma lista de esquemas listada abaixo. Todos os esquemas tem os seus prós e contras, alguns dos quais discutidos no Apêndice B, Particionar para Debian. Se estiver inseguro opte pelo primeiro. Tenha em mente que o assistente de particionamento necessita de um espaço mínimo livre para funcionar. Se não disponibilizar 1GB de espaço (dependendo do esquema escolhido) o particionamento através do assistente irá falhar.

Esquema de criação das partições Espaço mínimo Partições criadas
Todos os ficheiros numa partição 600MB /, swap
Computador de secretária 500MB /, /home, swap
Estação de trabalho multi-utilizador 1GB /, /home, /usr, /var, /tmp, swap

Depois de escolher um esquema, o próximo ecrã irá mostrar-lhe a tabela da nova partição, incluindo informação sobre como, onde e de que forma serão as partições formatadas e onde serão montadas.

A lista de partições poderá parecer-se com esta:

  IDE1 master (hda) - 6.4 GB WDC AC36400L
        #1 primary   16.4 MB     ext2       /boot
        #2 primary  551.0 MB     swap       swap
        #3 primary    5.8 GB     ntfs
           pri/log    8.2 MB     FREE SPACE

  IDE1 slave (hdb) - 80.0 GB ST380021A
        #1 primary   15.9 MB     ext3
        #2 primary  996.0 MB     fat16
        #3 primary    3.9 GB     xfs        /home
        #5 logical    6.0 GB     ext3       /
        #6 logical    1.0 GB     ext3       /var
        #7 logical  498.8 MB     ext3
        #8 logical  551.5 MB     swap       swap
        #9 logical   65.8 GB     ext2

Este exemplo mostra dois discos IDE divididos em várias partições; o primeiro disco possuí algum espaço livre. Cada linha de partição consiste no número de partição, o seu tipo, dimensão, flags opcionais, sistema de ficheiros, e ponto de montagem (se aplicáveis).

Está assim concluído o assistente de particionamento. Se estiver satisfeito com a tabela de partições gerada, pode escolher Terminar particionamento e escrever as alterações no disco a partir do menu, para implementar a nova tabela de partições (descrita no final desta secção). Se não estiver satisfeito, pode optar pela opção Desfazer as alterações às partições para correr o assistente de particionamento de novo ou modificar as alterações propostas como descritas antes para o particionamento manual.

Um ecrã similar ao que acabou de ser exibido será visualizado se tiver escolhido o particionamento manual, no entanto a sua actual tabela de partição será exibida sem os pontos de montagem. Como configurar manualmente a tabela de partições e o uso de partições pelo seu novo sistema Debian será tema do resto desta secção.

Se escolher um disco completamente vazio que não possuí partições nem espaço livre, ser-lhe-á pedido que crie uma nova tabela de partição (isto é necessário para que possa criar novas partições). Após esta operação uma nova linha de nome “ESPAÇO LIVRE” deverá aparecer debaixo do disco seleccionado.

Se tiver seleccionado algum espaço livre, ser-lhe-á pedido que crie uma nova partição. Terá que responder a uma série de questões rápidas sobre a sua dimensão, tipo (primária ou lógica), e a sua localização (inicio ou final do espaço livre). Depois desta etapa, poderá visualizar informação detalhada da nova partição. Existem opções como ponto de montagem, opções de montagem, bootable flag, ou o modo de uso. Se não gostar dos valores pré-seleccionados por omissão, sinta-se à vontade para modificar o que quiser. Por exemplo, seleccionando a opção Usar Como:, poderá escolher diferentes sistemas de ficheiros para esta partição incluindo a possibilidade de usar a partição para swap, software RAID, LVM, ou não a usar de todo. Outra funcionalidade simpática é a possibilidade de copiar informação de uma partição já existente para esta última. Quando estiver satisfeito com a sua nova partição, seleccione Preparação da Partição Terminada e será enviado novamente para o ecrã principal do partman.

Se decidir que tem que alterar algo na sua partição, seleccione simplesmente a partição e será apresentado o menu de configuração. Por este ser o mesmo ecrã da criação de uma nova partição, poderá alterar as mesmas opções desta. O que poderá não ser óbvio à primeira vista é o facto de poder redimensionar a partição seleccionando o item que mostra a dimensão da partição. Os sistemas de ficheiros conhecidos como funcionais neste método são pelo menos o fat16, fat32, ext2, ext3 e swap. Este menu permite-lhe ainda apagar a partição.

Certifique-se que criou pelo menos duas partições: uma para o sistema de ficheiros root (que deverá ser montada como /) e outra para swap. Se se esquecer de montar o sistema de ficheiros root, o partman não lhe permitirá continuar até que corrija esta situação.

As capacidades do partman podem ser extendidas através de módulos de instalação, mas dependem da arquitectura do seu sistema. Assim se não conseguir obter todas as funcionalidades verifique todos os módulos necessários (p. ex. partman-ext3, partman-xfs, ou partman-lvm).

Assim que estiver satisfeito com o particionamento seleccione Terminar o particionamento e escrever as alterações no disco a partir do menu de particionamento. Ser-lhe-á apresentado um sumário das modificações efectuadas ao disco e pedida a confirmação para que os sistemas de ficheiros sejam criados conforme foram pedidos.

6.3.2.2. Configurar o Logical Volume Manager (LVM)

Se estiver a trabalhar com computadores num nível de administrador de sistema ou como utilizador “avançado”, já terá visto de certeza a situação em que alguma partição do disco (normalmente a mais importante) é pequena em espaço, enquanto que outras partições estão demasiado desaproveitadas e você tem que gerir a situação movendo informação de um lado para o outro, fazer links simbólicos, etc.

Para evitar a situação descrita pode utilizar o Logical Volume Manager (LVM). Dito doutra forma, o LVM pode combinar várias partições (physical volumes na linguagem do LVM) para formar um disco virtual (o chamado volume group), que pode ser dividido em partições virtuais (logical volumes). O que há a reter é que volumes lógicos (e com certeza volume groups contidos) podem ser separados fisicamente através de vários discos.

Quando se aperceber que necessita de mais espaço para a sua antiga partição/home de 160 GB, pode simplesmente acrescentar um novo disco de 300GB ao computador, adicioná-lo ao volume group e então redimensionar o volume lógico que suporta o sistema de ficheiros /home e aí está — os seus utilizadores terão novamente espaço na renovada partição de 460GB. Este exemplo naturalmente está um pouco simplificado. Se ainda não tiver lido deverá consultar o LVM HOWTO.

A configuração do LVM no debian-installer é bastante simples. No inicio, terá que marcar as partições para serem usadas como volumes físicos para LVM. (Isto é feito no partman no menu Definições de Partição onde terá que seleccionar Utilizar como:->volume físico para LVM.) Inicie então o módulo lvmcfg (quer directamente a partir do partman ou a partir do menu principal do debian-installer) e combine os volumes físicos ao volume group no menu Alterar volume groups (VG) . Depois disto deverá criar volumes lógicos no topo do volume groups a partir do menu Modificar logical volumes (LV).

Depois de voltar do lvmcfg para o partman, verá qualquer volume lógico criado do mesmo modo que as partições normais (e deverá tratá-las como tal).

6.3.2.3. Configurar o Dispositivo Multidisk (Software RAID)

Se tiver mais que um disco rígido [5] no seu computador, poderá utilizar o comando mdcfg para configurar as drives para aumentar a perfomance e/ou maior fiabilidade na sua informação. O resultado é chamado Multidisk Device (ou seguido da sua variante mais famosa software RAID).

Os MD são basicamente um conjunto de partições localizadas em discos diferentes e combinadas em conjunto de modo a formar um dispositivo lógico. Este dispositivo pode ser utilizado como uma partição vulgar (p.ex. no partman poderá formatá-la, atribuir um ponto de montagem, etc.).

Os benefícios que irá ganhar dependem do tipo de dispositivo MD que está a criar. Actualmente os suportados são:

RAID0

Visando principalmente a perfomance. RAID0 separa toda a informação que chega para dentro de stripes e distribuí a mesma de um modo idêntico para cada disco do array. Isto pode aumentar a velocidade das operações de leitura/gravação, mas quando um disco falha, perderá tudo (parte da informação está ainda nos discos saudáveis, a outra parte estava no disco que falhou.

Tipicamente o RAID0 utiliza-se para partições utilizadas para edição de vídeo.

RAID1

É indicado para configurações onde a fiabilidade é a primeira preocupação. Consiste em várias (normalmente duas) partições iguais, onde cada partição contém exactamente a mesma informação. Isto significa basicamente três coisas. Primeiro, se um dos discos falha, poderá sempre ter a sua informação espelhada nos outros discos. Segundo, pode usar apenas uma fracção da capacidade disponível (mais precisamente, é a dimensão da partição mais pequena do RAID). Terceiro, as leituras dos ficheiros são balanceadas entre os discos o que poderá melhorar a performance num servidor, tal como um servidor de ficheiros que tende a ser carregado com mais leituras do que escritas de ficheiros.

Em opção pode utilizar um disco sobresselente no array que tomará o lugar do disco em falta em caso de falha do sistema.

RAID5

É um bom compromisso entre velocidade, fiabilidade e redundância de informação. RAID5 divide toda a informação que chega e distribuí de um modo idêntico para todos os discos (de um modo similar ao RAID0). Mas ao contrário do RAID0, o RAID5 também computa informação de parity, que é escrita no disco que resta. O disco de paridade não é estático (este seria chamado RAID4), mas está constantemente a mudar, de modo que a informação de paridade esta identicamente distribuída em todos os discos. Quando um dos discos falha, a parte de informação que falta pode ser computada a partir das informação que restou e da sua paridade. O RAID5 deve consistir pelo menos em três partições activas. Em opção pode ter um disco alternativo no array que tomará o lugar do disco em falha.

Como pode ver o RAID5 possuí um grau de fiabilidade similar aos RAID1 adquirindo menor redundância. Por outro lado pode ser um pouco mais lento numa operação de escrita do que o RAID0 devido à computação da informação de paridade.

Para resumir :

Tipo Dispositivos Mínimos Dispositivo Sobresselente Sobrevive a falhas de disco? Espaço Disponível
RAID0 2 não não Dimensão da mais pequena partição multiplicada pelo número de dispositivos no RAID
RAID1 2 opcional sim Dimensão da partição RAID mais pequena
RAID5 3 opcional sim Dimensão da mais pequena partição multiplicada por (número de dispositivos no RAID menos um)

Se quiser saber toda a verdade sobre o software RAID, dê uma vista de olhos no Software RAID HOWTO.

Para criar um dispositivo MD necessita de ter as partições desejadas marcadas para uso em RAID. (Isto é feito com o partman no menu Partition settings onde deverá escolher Use as:->physical volume for RAID.)

Atenção

O suporte para MD é uma adição relativamente nova no instalador. Pode sofrer problemas em alguns níveis de RAID e em combinação com alguns gestores de arranque, se tentar utilizar MD no sistema de ficheiros root (/). Para utilizadores experientes, é possível contornar estes problemas executando alguma configuração ou passos na instalação de uma forma manual através da shell.

Em seguida, deverá escolher Configurar RAID por software a partir do menu principal partman. No primeiro ecrã do mdcfg escolha simplesmente Criar dispositivo MD. Deverá ser-lhe apresentada uma lista com os vários tipos de dispositivos MD suportados a partir dos quais pode escolher um (p.ex. RAID1). O que se seguirá depende do tipo de MD que seleccionar.

  • O RAID0 é simples — você será confrontado com uma lista de partições RAID disponíveis e a sua tarefa será apenas seleccionar as partições que formaram o MD.

  • O RAID1 possuí mais alguns truques. Primeiro, ser-lhe-á pedido que introduza o número de dispositivos activos e o número de dispositivos sobresselentes que formaram o MD. De seguida, necessitará de seleccionar de uma lista de partições RAID as que serão activas e as que serão sobresselentes. O número de partições seleccionadas terá que ser igual ao número fornecido alguns segundos atrás. Não se preocupe. Se efectuar algum erro e seleccionar um número diferente de partições, o debian-installer não lhe deixará continuar até que o erro seja corrigido.

  • O RAID5 possuí uma configuração similar ao RAID1 com a excepção de que necessita de utilizar pelo menos três partições activas.

É perfeitamente possível ter vários tipos de MD ao mesmo tempo. Por exemplo se tiver três discos rígidos de 200 GB dedicados a MD, cada uma contendo partições de 100 GB, pode combinar as primeiras partições nos três discos em RAID0 (partição rápida de 300GB para edição de vídeo) e usar as outras três partições (2 activas e 1 sobresselente) para RAID1 (muito fiável para uma partição /home de 100GB).

Depois de configurar os dispositivos MD de acordo com as suas preferências, pode executar Terminar mdcfg para voltar ao partman com vista à criação dos sistemas de ficheiros nos novos dispositivos MD e atribuí-los aos pontos de montagem habituais.

6.3.3. Instalar o Sistema Base

Apesar desta fase ser a menos problemática, consome a maior parte do tempo da instalação pois executa o download, verifica e extrai todo o sistema base. Se tiver um computador ou uma ligação de rede lenta, poderá demorar algum tempo.

6.3.3.1. Instalação do Sistema Base

Durante a instalação da Base, as mensagens de extracção de pacotes e da configuração são redireccionadas para o terminal tty3. Poderá aceder a este terminal premindo Left Alt-F3; pode voltar ao processo principal do instalador com Left Alt-F1.

As mensagens de extracção/configuração geradas pela instalação da base são arquivadas em /var/log/messages quando a instalação é efectuada através de uma consola série.

Como parte da instalação, um kernel Linux irá ser instalado. Como primeira prioridade, o instalador ir-lhe-à escolher um que melhor coincide com o seu hardware. Nos modos de prioridade mais baixa, você poderá escolher a partir de uma lista de kernels disponíveis.

6.3.4. Tornar o Sistema Iniciável

Se estiver a efectuar a instalação numa estação de trabalho sem drive de disquetes obviamente que o arranque a partir do disco local deixa de ter significado, de modo que este passo é ignorado.

Note que o arranque de múltiplos sistemas operativos numa única máquina é ainda considerada uma arte obscura. Este documento não pretende documentar os vários gestores de arranque, os quais variam por arquitectura e por vezes até por sub-arquitectura. Deverá consultar a documentação do seu gestor de arranque para mais informações.

6.3.4.1. Detecção de outros sistemas operativos

Antes da instalação do gestor de arranque, o instalador tentará detectar outros sistemas operativos instalados na máquina. Se encontrar um sistema operativo que suporte, será informado no decurso da fase de instalação do gestor de arranque, e o computador será configurado para figurar no menu em adição ao Debian.

Note que o arranque de múltiplos sistemas operativos numa única máquina é ainda considerada uma arte obscura. O suporte automático para a detecção e configuração dos gestores de arranque para arranque de outros sistemas operativos variam por arquitectura e por vezes até por sub-arquitectura. Se não funcionar deverá consultar a documentação do seu gestor de arranque para mais informações.

Nota

O instalador pode falhar na detecção de outro sistema operativo se as partições contidas neste último se encontrarem montadas na altura em que a detecção ocorrer. Isto pode ocorrer se escolher um ponto de montagem (p.ex. /win) para uma partição contendo outro sistema operativo no partman, ou se tiver partições montadas manualmente a partir de uma consola.

6.3.4.2. Instalar o Gestor de Arranque Grub num Disco Rígido

Na gestor de arranque principal para i386 é chamado “grub”. O Grub é um gestor de arranque flexível e robusto e uma boa escolha quer para novatos quer para utilizadores experientes.

Por omissão, o grub será instalado no Master Boot Record (MBR), onde assumirá o controle do processo de arranque. Se preferir, pode instalá-lo em qualquer outro local. Veja o manual do grub para uma informação completa.

Se preferir não instalar o grub de todo, com o botão de voltar chegue ao menu principal e a partir daí seleccione o gestor de arranque que desejar.

6.3.4.3. Instalar o Gestor de Arranque LILO num Disco Rígido

O segundo gestor de arranque de i386 é o “LILO”. É um programa antigo e complexo que oferece várias funcionalidades, nas quais se incluem a gestão de arranque do DOS, Windows e OS/2. Seja cuidadoso e leia as instruções na directoria /usr/share/doc/lilo/ se tiver necessidades especiais; veja também o LILO mini-HOWTO.

Nota

Actualmente a instalação do LILO apenas criará entradas para sistemas operativos que possam ser carregados em chainloaded. O que significa que você poderá ter que adicionar uma entrada de menu para sistemas operativos como o GNU/Linux e GNU/Hurd depois da instalação.

O debian-installer apresenta-lhe três escolhas para instalar o gestor de arranque LILO.

Master Boot Record (MBR)

Deste modo o LILO assumirá o controlo de todo o processo de arranque.

nova partição Debian

Escolha esta opção para usar outro gestor de arranque. O LILO instalar-se-á no inicio da nova partição Debian e servirá como gestor de arranque secundário.

Outra escolha

Útil para utilizadores avançados que queiram instalar o LILO noutro local. Neste caso ser-lhe-á pedida a localização desejada. Pode utilizar nomes de estilo devfs, tais como os que começam por /dev/ide, /dev/scsi, e /dev/discs, tais como nomes tradicionais, /dev/hda ou /dev/sda.

Se não conseguir voltar a arrancar o Windows 9x (ou o DOS) depois deste passo, terá que usar uma disquete de arranque do Windows 9x (MS-DOS) e utilizar o comando fdisk /mbr para reinstalar o master boot record do MS-DOS — no entanto isto significa que terá que utilizar outro método para voltar ao Debian! Para mais informação neste assunto leia por favor a Secção 8.3, “Reactivar o DOS e o Windows”.

6.3.4.4. Continuar Sem Gestor de Arranque

Esta opção pode ser usada para completar a instalação mesmo que o gestor de arranque não tenho sido instalado, ou pelo facto da arch/subarch não ter fornecido nenhum, ou porque nenhum ter sido desejado (p. ex. você irá usar o gestor de arranque existente).

Se planeia configurar manualmente o gestor de arranque, deverá verificar o nome do kernel que está instalado em /target/boot. Deverá verificar também a presença na directoria de um initrd; se estiver um presente, provavelmente terá que instruir o gestor de arranque para que o utilize. Outro tipo de informação que irá necessitar é o disco e a partição que seleccionou para o seu sistema de ficheiros /, se escolher instalar a /boot numa partição separada.

6.3.5. Finalizar a Primeira Etapa

Estes são os últimos detalhes a efectuar antes de reiniciar o seu novo Debian. Consistem basicamente em agrupar as tarefas após o debian-installer.

6.3.5.1. Finalizar a Instalação e Reiniciar

Este é o último passo no processo inicial da instalação do Debian. Ser-lhe-á indicado que remova o meio de arranque (CD, floppy, etc) que usou para arrancar o instalador. O instalador irá efectuar as últimas tarefas, e então reiniciará já no seu novo sistema Debian.

6.3.6. Miscelânea

Os componentes listados nesta secção estão normalmente envolvidos no processo de instalação, mas encontram-se em pano de fundo para ajudar o utilizador no caso de algo correr mal.

6.3.6.1. Gravar os logs de instalação

Se a instalação tiver sido bem sucedida, os logfiles criados durante o processo de instalação serão automaticamente gravados em /var/log/debian-installer/ no seu novo sistema Debian.

Ao escolher Guardar registos de debug do menu principal irá tornar possível a gravação dos ficheiros de log numa disquete . Isto pode ser útil se encontrar problemas graves durante a instalação e quiser estudar os relatórios noutro sistema ou incluí-los num relatório de instalação.

6.3.6.2. Utilizar a Shell e Ver os Logs

Existe o seguinte item no menu Executar uma Shell. Se o menu quando necessitar da shell , carregue em Left Alt-F2 (num teclado Mac, Option-F2) para mudar para a segunda consola virtual. Trata-se da tecla Alt do lado esquerdo da tecla space bar, e a tecla de funçãoF2, ao mesmo tempo. Esta é uma janela separada a correr uma shell clonada de Bourne shell chamada de ash.

Nesta fase arrancou a partir do disco RAM e dispõe apenas de uma série de utilitários Unix limitada para uso. Você poderá ver que programas estão disponíveis com o comando ls /bin /sbin /usr/bin /usr/sbin e executando help. O editor de texto é o nano. A shell possuí algumas funcionalidades úteis como a autocompletion e o historial.

Utilize os menus para efectuar qualquer tarefa que seja possível fazer — a shell e os comandos encontram-se lá apenas para o caso de algo correr mal. Em particular deve usar sempre os menus e não a shell para activar a partição swap, pois o menu do software não consegue detectar o que fez através da shell. Carregue em Left Alt-F1 para voltar a ter os menus, ou digite exit se tiver usado um item de menu para abrir a shell.

6.3.6.3. Instalação Através da Rede

Um dos componentes mais interessantes é o network-console. Permite-lhe fazer uma grande parte da instalação através da rede via SSH. A utilização da rede implica que tem de executar as primeiras etapas da instalação a partir da consola, pelo menos até ao ponto de configurar a rede. (Embora possa automatizar essa parte com Secção 4.7, “Instalação Automática”.)

Este componente não é carregado por omissão para o menu principal da instalação, por isso tem de o pedir explicitamente. Se está a instalar a partir de CD, necessita arrancar com prioridade média ou caso contrário invoque o menu principal de instalação e escolha Carregar do CD componentes do instalador e a partir da lista de componentes adicionais escolha network-console: Continuar a instalação remotamente com SSH. O sucesso do carregamento é indicado com uma nova opção no menu chamada Continuar instalação remotamente com SSH.

Após escolher esta nova opção, ser-lhe-à pedida uma nova password e a sua confirmação para ser utilizada para ligar ao sistema de instalação. E é tudo. Agora deve ver um ecrã que lhe diz para fazer o login remotamente como o utilizador installer com a password que você acabou de indicar. Outro detalhe importante a notar é a impressão digital (fingerprint) deste sistema. Você precisa de transferir de forma segura a impressão digital para “a pessoa que irá continuar a instalação remotamente”.

Caso você decida continuar com a instalação localmente, você pode sempre pressionar Enter, que o irá trazer de volta ao menu principal, onde poderá escolher outro componente.

Agora vamos mudar para o outro lado do cabo. Como pré-requisito, você precisa de configurar o seu terminal para utilizar a codificação UTF-8, porque é essa que o sistema de instalação utiliza. Se não o fizer, a instalação remota ainda será possível, mas poderão aparecer no ecrã símbolos estranhos tais como cantos de caixas de diálogo destruídos ou caracteres não-ascii ilegíveis. Establecer uma ligação com o sistema de instalação é tão simples como escrever:

$ ssh -l installer install_host

Onde install_host é o nome ou o endereço IP do computador a ser instalado. Antes do login ser-lhe-à mostrada a impressão digital (fingerprint) do sistema remoto e você terá de confirmar se é o correcto.

Nota

Se você instalar vários computadores de cada vez e estes tiverem o mesmo endereço IP ou hostname, o ssh irá recusar-se a ligar a esses hosts. A razão é que terão impressões digitais (fingerprints) diferentes, que normalmente é o sinal de um ataque de spoofing. Se você tiver a certza que não é o caso, você necessita apagar a linha relevante em ~/.ssh/known_hosts e tentar novamente.

Após o login ser-lhe-à apresentado um ecrã inicial onde terá duas possibilidades chamadas Iniciar menu e Iniciar shell. A anterior leva-o para o menu principal do instalador, onde pode prosseguir normalmente com a instalação. A última inicia uma shell de onde a partir da qual você pode examinar e possivelmente reparar o sistema remoto. Você deve iniciar apenas uma sessão SSH para o menu de instalação, mas pode iniciar várias sessões para shells.

Atenção

Após ter iniciado a instalação remotamente por SSH, você não deve voltar atrás para a sessão da instalação que corre na consola local. Se o fizer você pode corromper a base de dados que mantém a configuração do novo sistema. Isto pode resultar numa instalação falhada ou em problemas com o sistema instalado.

Além disso, se estiver a correr a sessão SSH a partir de um terminal X, você não deve redimensionar a janela já que irá fazer com que a ligação seja terminada.

6.3.6.4. Correr o base-config a partir do debian-installer

É possível configurar o sistema base dentro da primeira fase do instalador (antes de reinicializar a partir do disco rígido), correndo o comando base-config num ambiente chroot. Isto é principalmente útil para testar o instalador e normalmente deve ser evitado.



[5] Para ser honesto, poderá construir um dispositivo MD mesmo a partir de partições residentes num disco rígido, mas não se provará útil.