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Re: traduzir ou nao, eis a questao



> Das duas, uma: ou tu não leste minha mensagem com boa-vontade ou eu não
> me expressei bem. A cortesia me obriga à segunda hipótese. Nossas
> divergências, ao que me parece, são menores do que tu sugeres.

Assim espero.

> 
> > Ótimo. Vamos usar nossas expressões inventadas, adaptadas, que ninguém
> > entenda, apenas para nos darmos ao luxo de usar somente nossa língua.
> 
> Para quem tu escreveste isto? Eu não sugeri isto. Sugeri algo sutilmente
> diferente. Releia a mensagem se quiseres entender.

Não sei, mas parece ser essa a sugestão que estou indo contra, não foi
direcionada a ninguém em especial.

> 
> > Não sei qual o problema com estrangeirismos. Aliás, acho péssima as
> > traduções em que alguém pegou uma palavra totalmente compreensível em
> > inglês
> 
> "palavra totalmente compreensível em inglês": segundo esta expressão, as
> palavras têm inscritas, nelas, uma certa natureza que as faz naturalmente
> compreensíveis. Estás errado! Palavras são mais ou menos compreensíveis
> conforme as usemos. Uma palavra é "totalmente compreensível em inglês"
> quando é muito usada em inglês.
> 

Creio que algumas expressões que tem traduções chulas em português,
mesmo que não sejam palavras comumasmente utilizadas, não devem ser
traduzidas. Totalmente compreensível pra mim é algo que eu leia e
saiba o que é, sem precisar pensar.

> >  e transformou em uma coisa tosca em português. Pra que? Só pra
> > reafirmar nossa língua?
> 
> Reafirmar nossa língua é, para mim, um valor. Tu não achas?
> Perfeito. Esta é uma questão ideológica, não técnica. E, nesta medida,
> em última análise se funda nos valores que cultivamos. Que bom
> que podemos cultivar diferentes valores. É deplorável a perspectiva
> segundo a qual o que não tem valor para mim não tem valor.
> 

Do contrato social do Debian:

4. Nossas prioridades são nossos usuários e o software livre

A prioridade é o usuário, não os TEUS valores.

> > Eu não quero uma tradução que me atrapalhe, eu
> > quero uma palavra que me ajude a compreender, eu quero usabilidade,
> > não pratriotismo.
> 
> Não aceito o dilema. Há outra via. Eu quero usabilidade e patriotismo!
> 

Repito o de cima. Se pra ti que traduziu tu entenda aquela tradução de
threads, ótimo. Agora, se pra mim não é usável, e creio que maioria
também (não as pessoas desta lista), não é. Acho que faltou essa
"pequena" preocupação com o usuário.

> > Como eu já perguntei: tu chama teu mouse de rato? compra lâmina de
> > barbear ao invés de gilete? tira fotocópia ao invés de xerox?
> 
> O que eu faço é parte do que importa nesta discussão, não resolve nem
> determina nenhuma posição. Respondendo: eu chamo de mouse. Na verdade,
> eu chamo de mause. And so what? O que se segue disto? Apenas que estou
> acostumado a um certo uso.
> 

Ótimo, e você não está acostumado a falar threads? Pra que mudar a
tradução então? Somente um exemplo, mas vale pra todas as outras
traduções.

> > Os
> > exemplos de palavras estrangeiras, ou mesmo de relacionadas a marcas
> > (meus dois exemplos) são várias, alguém já citou.
> 
> Sim, tudo isto ilustra uma tese já bastante conhecida: nós, de fato,
> usamos estrangeirismos. Mas, de novo, é preciso reconhecer que o que ser
> não funda o dever ser. Carros avançam no sinal vermelho. Disto não se
> segue que devam avançar.
> 
> Além disto, o ponto de vista que defendo não é a
> abolição dos estrangeirismos. Em muitos casos não convém isto. Defendo
> que o uso dos estrangeirismos em nossas traduções não sejam conseqüência
> da nossa inércia. É apenas isto. Eu não creio que tu discordes
> disto. Por isso acho que divergimos menos do que tu pareces sugerir. Mas
> se discordas, este é o ponto de divergência.

Eu concordo. E sobre a consequência da inércia, acho que as vezes tu
sai dessa inércia querendo traduzir tudo pra português brasileiro, e
acaba criando coisas ruins. Esse é o meu ponto.

> 
> > Não sei porque essa defesa.
> 
> Porque ***eu*** considero importante minha língua. Tu não precisas
> concordar com isto.
> 

De novo, o "eu". Novamente remeto a preocupação que deveria ter com o usuário.

> >Porque não threads? Qualquer uma pessoa
> > que saiba o que significa threads, saberá que threads é threads. Eu
> > digo: se um usuário tem uma noção mínima do que é threads, saberá a
> > palavra em inglês. Se não tem nenhuma noção, pra ele é só mais uma
> > palavra em inglês. Ponto.
> 
> Quando alguém diz "Ponto", entendo que quer dizer: não quero discutir a
> questão. Logo, não discuto.
> 

Não creio que haja um ponto para refutar, logo o "Ponto".

> > Um usuário comum tá pouco se lixando sobre o
> > que é threads, em qual seria melhor tradução em português.
> 
> Errado. Eu sou um usuário comum e estou "me lixando sobre o que é
> threads". Conheço outras pessoas que também estão se lixando prá
> isto. Generalizar opiniões a partir de nossa própria ou do estreito
> universo que nos circunda pode ser uma boa estratégia retórica mas não
> colabora com a discussão.
> 

Então você se contradiz, usando os teus "**eu**". E você mesmo disse
que é errado, mas você é um dos usuários que citei, e conhece outros
também que o são. Mostre-me um caso contrário ao que falei, e você
terá provado que estou errado.

> > Uma pessoa
> > da área saberá o que é se for escrito threads, agora se tu colocar uma
> > tradução por exemplo com o significado do termo, se o cara tem apenas
> > uma noção mínima não vai saber o que é. Ou seja, onde está a vantagem?
> > O Brasil ficou melhor porque tu não usou threads?
> 
> Ficou.

Como?

> 
> > Não vou revisar o texto porque assim tá espontâneo e revoltado, que é o certo.
> >
> > Luciano "sp00ky" Rodrigues
> 
> [corta]
> 
> Que bom. Tua mensagem ainda me ensina o que é "o certo". Quem sabe eu
> não aprendo?

Eu disse que estava certo na forma de expressão que eu queria passar,
não no conteúdo. Esse teu comentário é ótimo pra iniciar um flame.
Recebi um e-mail do Antônio dizendo que eu tinha iniciado um flame
aqui. Será? Ou vocês não estão querendo aceitar minha opinião?

Essa é a minha forma de lidar com as coisas, foi um pouco
"revolucionária", mas pelo menos chamei a atenção da lista pra causa.
O Antônio também falou em "clima chato" que ficou. Não estou aqui
discutindo ou xingando vocês na frente do computador enquanto escrevo
isso. Estou pensando como posso fazer para que eu seja entendido e as
traduções do Debian fiquem melhor. Pra mim não há inimizade, somos
apenas mais uma comunidade discutindo um assunto, e é normal que
aparecem divergências. Aconteceu já entre DDs como o Matthew Garrett e
MJ Ray sobre licenças, com o Norbert Tretkowski e o Marco d'Itri, acho
que é normal.

Agora, eu estive pronto pra aceitar o que tu falou. Estaria tu pronto
pra aceitar o que eu estou falando?

PS: só gaúcho discute aqui tchê, mas que barbaridade (eu, Márcio e Antônio)

Luciano "sp00ky" Rodrigues



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