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Re: Switch ligado em switch



Prezado Junio José,

Não sei de onde, especificamente, você tirou as informações que passou abaixo, mas a minhas fontes são: vinte anos de experiência em eletrônica, telecomunicações e informática, além de um ótimo curso técnico de eletrônica no CEFET de Minas Gerais.

Quando respondo perguntas aqui, procuro responder apenas às que tenho certeza absoluta da resposta, para não causar nenhuma polêmica desnecessária. Quando respondo a perguntas que não tenho certeza, procuro deixar claro isso. Portanto, pode ter certeza de que sei do que estou falando.

>Importam sim. Os outros 4 cabos não são utilizados para transferência
>de dados, mas sim para criar uma proteção contra ruídos e outras
>interferências externas aos dados transmitidos. *NUNCA* deixe de
>utilizar todos os quatro cabos. *TODOS* são importantes.

Não importam. Pelo menos não no caso do nosso colega que levantou a dúvida. Os pinos 4 e 5 são utilizados no cabeamento estruturado para sinal de telefone (linhas A e B) os pinos 7 e 8 eram, no início, reservados para "outros serviços". na prática nunca tiveram um serviço específico assinalado. Em alguns casos foram utilizados para sinais ISDN. Logo, se eles não serão usados para transferência de sinais de nenhum tipo, tanto faz eles serem climpados no conector ou não porque eles estarão presentes dentro do cabo. A diferença é apenas a resistência mecânica à tração que o cabo oferece.

Você pode alegar que eles são aterrados via placa de rede. Isso pode até ser verdade em algumas placas, mas na maioria não é, inclusive nas 3Com, famosas e cobiçadas há 8 ou 10 anos atrás.

>Não! O que determina se um cabo consegue ou não atingir a máxima
>velocidade possível é, principalmente, a influência externa de ruídos
>e outras interferências. Utiliza-se os padrões T568A[0] e o T568B[1]
>devido a padrões especificados internacionalmente.

Experimente colocar uma placa SIS900 em modo de velocidade automática num switch 10/100 com cabo fora das especificações: Vc verá que ela não vai nem se conectar, vai ficar retreinando direto. Só vai funcionar se vc abaixar a velocidade para 10 Mbps no braço. Sugeri essa placa porque é a placa que peguei onde o problema fica mais evidente. O que determina capacidade do cabo suportar ou não mais ou menos velocidade é a impedância do cabo, *SIM*. 
Blindagens mais efetivas contra ruídos externos se dão pela adição de uma malha envolvendo os cabos, como são nos cabos coaxiais utilizados nas primeiras redes há uma pá de anos atrás, e também nos cabos utilizados em TV. Entretanto, o "marketing" dos cabos com pares trançados era justamente o preço reduzido devido ao fato de não necessitarem de blindagens (desde que fossem utilizados em condições específicas, como no caso de escritórios e ambientes não muito agressivos). mas a proteção contra ruídos é feita via "impedância", conforme explicarei mais abaixo.

Os Cat 5 e Cat 6 de boa qualidade podem até ter uma fita de alumínio dentro, envolvendo os condutores. Ela dá mais resistência mecânica mas, se não for aterrada, é inútil, para resolver esse problema específico. Existem sim cabos blindados para redes estruturadas, mas os que já trabalhei são utilizados para cabeamento externo ou em áreas industriais críticas, onde os cabos sofrem com o ambiente, ou o nível de interferência é tão alto que realmente influencia no desempenho do cabo. Nesse último caso, as malhas são aterradas para formar uma "gaiola de Faraday", caso contrário seriam inúteis.

Se você pegar e abrir os cabos Cat 3, Cat 5, Cat 5e e Cat 6, vai notar que o passo de trançamento dos condutores são diferentes: nos Cat 3 ele quase não existe e o Cat 6 tem muito mais voltas por metro do que os Cat 5 e Cat 5e.

>E lembre-se: os *OITO* cabos são trançados em pares e não apenas o
>(verde/branco e verde, por exemplo).

Sim, essa é a diferença entre os Cat 5 e Cat 5e. Além dos pares serem trançados entre si, eles também o são com os outros pares. Isso provoca mais um efeito protetor (altera a impedância dos pares entre si, não só, dos condutores). Isso permite que os Cat 5e atinjam velocidades bem superiores aos Cat 5 (Já fiz um Cat 5e rodar a Gigabit, embora com uma taxa de erros razoável :-).

>A impedância é para garantir proteção contra ruídos e não para que
ele, o cabo, suporte mais velocidade.

Sim, é verdade que o efeito da impedância ajude na proteção contra ruídos de alta frequência mas...

Vamos lá: impedância é a resistência à passagem de eletricidade, na forma de corrente alternada, em um determinado condutor. São componentes eletrônicos que geram impedância (tanto negativa como positiva) o Capacitor e o Indutor (também conhecido como bobina). Um capacitor oferece tanto menos resistência à passagem da corrente alternada quanto maior for a frequência (impedância negativa). Um indutor é o inverso: maior a frequência, maior a resistência (impedância positiva). Quando se coloca dois condutores em paralelo (como dentro de um cabo de rede) ambos formam o que chamamos de Capacitor (temos dois condutores separados por um dielétrico que é o encapamento). Conforme aumentamos a velocidade (e, consequentemente a frequência que passa pelos condutores), esse efeito capacitivo permite a passagem de elétrons de um condutor para outro antes de chegarem ao destino (a outra placa de rede). Isso causa perda de sinal. A solução encontrada pelos engenheiros foi trançar os condutores para que formassem uma bobina (um indutor). Dessa maneira o efeito capacitivo dos condutores é anulado pelo efeito indutivo do trançamento, sobrando só a resistência física dos cabos. Esse trançamento tem um "passo" ou seja tem um número específico de voltas por metro. Isso porque um capacitor e um indutor formam o que chamamos de "circuito tanque". Trata-se de uma associação de um capacitor e um indutor que, em uma determinada frequência, responde com sua maior (ou menor) impedância, dependendo de como é montado. Dessa forma, na faixa de frequência em que os Cat 5e operam (para as velocidades entre 10 e 100 Mbps), a impedância desse circuito tanque tem de oferecer a máxima impedância para que não ocorram correntes de fuga entre os condutores. Na faixa de frequência dos ruídos, ele têm de oferecer a mínima impedância para que eles não se propaguem até a outra placa de rede.

Uma curiosidade é que a impedância, ao contrário da resistência eletrica, não varia em função do comprimento do cabo. Varia apenas com a distância entre os condutores, o diâmetro deles e com o passo do trançamento.

Estou à disposição para qualquer esclarecimento adicional, de preferência, em PVT pois esse não é um assunto próprio para a lista.

Atenciosamente,
 
Paulo de Souza Lima
Curitiba/PR
Linux User 432358




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